terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Entrevista com Jose Luiz Goldfarb

 
Coordenador do Twitter da PUC SP e presidente da Cátedra de Cultura Judaica da PUC SP. É também coordenador dos Programas de incentivo à leitura: 1. "São Paulo: um Estado de Leitores" da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, 2. "Rio: uma cidade de Leitores" da Secretaria de Educação da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Curador do prêmio jabuti da Câmara Brasileira do Livro, assessor da Vice-Presidência Cultural e Social da Associação Brasileira 'A Hebraica' de São Paulo, conselheiro da Biblioteca Haroldo de Campos (Casa das Rosas - Secretaria de Estado da Cultura), presidente do conselho deliberativo da Associação Amigos do Museu Judaico de São Paulo, conselheiro da Associação Brasileira 'A Hebraica' de São Paulo, diretor de eventos da Sociedade Brasileira Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém, coordenador do Corredor Literário na Paulista - Secretaria de Estado da Cultura. Tem experiência na área de História, com ênfase em História das Ciências, atuando principalmente nos seguintes temas: história da ciência e ciência no século XVII, influências herméticas em Isaac Newton, ciência e religião, história da ciência no Brasil; bibliotecas públicas, políticas públicas de promoção do livro e da leitura, judaísmo, cinema, e elaboração, produção, viabilização e implantação de projetos e eventos culturais.
 
 
: Antes de qualquer coisa, Boa noite.
: Buenas!
 
BC: Você possui graduação em Física - Universidade de São Paulo, mestrado em Filosofia e História da Ciência - McGill University, Canadá, e doutorado em História da Ciência pela Universidade de São Paulo. Como esse lado cultural apareceu?
JLG: É sempre uma longa história!
Minha vida é cheia de boas bifurcações não previstas!
 
BC: E graças a uma dessas bifurcações não previstas hoje você é responsável pelos programas culturais mais importantes do Brasil, gosta dessa responsabilidade?
 
JLG: Mesmo como estudante de graduação e pós eu sempre agitei muitas atividades paralelas! Mas foi na volta ao Brasil após a pós no Canadá que me envolvi em editar o pensamento de Mario Schenberg que estava velhinho.
Então eu comecei a gravar suas falas e promover encontro com personalidades e dai... Virei editor de livros e logo livreiro! Assumi a Livraria Belas Artes que foi um grande espaço cultural de Sampa e aonde me formei em 18 anos como incentivador da leitura!
Depois que fechei a Belas em 2003 comecei a atuar em projetos de incentivo a leitura em vários estados do Brasil.
A dedicação aos livros e a promoção da leitura mudou muito minha vida, pois nunca mais pude dedicar-me full time a universidade. Tornei-me assim um professor e pesquisador da PUC SP na área da história da ciência e ao mesmo tempo um agitador cultural envolvido principalmente com a batalha por um Brasil de Leitores.
BC: Você tinha uma editora, dessa eu não sabia, porque fechou?
JLG: Editora Nova Stella dedicada à história da ciência. Lancei Galileu, Newton Bruno e claro o próprio Schenberg entre outros! Foi muito legal divulgar a área no país. Mas como toda pequena editora as dificuldades econômicas são grandes e num certo momento decidi ficar com a atividade de livreiro e professor encerrando a carreira de editor. O curioso é hoje tenho a alegria de seguir com a Nova Stella não mais uma editora, mas um programa de debates na TV PUC. Os programas estão disponíveis no YouTube e tenho  um publico fiel na TV ha 5 anos.
BC: Você acha que falta um certo apoio pra essas editoras menores ?
JLG: Eu tive apoio de muitas editoras universitárias, eu fiz muitas coedições. Há de certo modo relativo apoio para editoras médias e pequenas que se dedicam a obras universitárias. Mas o mercado é muito restrito. Seria preciso que as bibliotecas públicas, universitárias e mesmo comunitárias tivessem uma política de aquisição. Este é o grande gargalo em nosso país; as bibliotecas compram poucas obras! Em termos fiscais o livro já possui muitos incentivos no Brasil. A grande questão é conquistar um público leitor mais significativo principalmente qdo obsevamos a população do país.
BC: Há grandes projetos de apoio na internet para que se leia mais, aos poucos os leitores vão crescendo, mas o que ainda falta para o Brasil ser um país de leitores?
JLG: Você tem razão! A internet e as redes sociais estão possibilitando novas formas de buscar novos leitores. Dentro do twitter temos realizado muitas campanhas ao longo do ano colocando o tema do livro e da leitura em foco, como a campanha #doeumlivro no final do ano. Na verdade a questão da leitura em nosso país exige uma mudança de hábito. Não temos como nação o hábito da leitura por prazer. Creio que esta mudança exige uma grande mobilização de todos os atores da sociedade: governo, sociedade civil, famílias, escolas, mídia (nova e tradicional), ONGs, terceiro setor etc... Precisamos avançar na consciência de que sem o habito da leitura estaremos sempre patinando neste mundo da informação do conhecimento.
BC: Falando na campanha, explica um pouco para o público do ML como funciona essa campanha e o seu crescimento.
JLG: Bem #doeumlivro é um ótimo exemplo de uma mobilização que nasce no twitter visando provocar as pessoas, chamar a atenção para importância da leitura. Nasceu assim em 2009 embalado por mim e dois parceiros de Minas Gerais, @doeumlivro e @prosapolitica Mas a coisa ganhou muita força na rede e logo percebemos que precisávamos partir efetivamente para a arrecadação física dos livros A partir de então fomos conseguindo parcerias com instituições, especialmente a rede de farmácias Droga Raia e ao longo destes anos já conseguimos arrecadar mais de meio milhão de livros e entrega-los a escolas e bibliotecas publicas. É uma grande alegria sentir como a rede social da internet por ultrapassar o digital e ganhar as ruas o mundo presencial.
BC: Foi uma iniciativa sua e do @prosapolitica essa campanha, da onde vocês tiraram essa ideia e como foi que conseguiram a parceira com a Droga Raia, que é peça chave nessa campanha ?
JLG: Bem quem iniciou foram os mineiros, @prosapolitica (heber) e @doeumlivro (laura) eu logo percebi a força do que eles haviam iniciado e me juntei de corpo em alma, creio q em outubro de 2009 - o grande ano do nascimento efetivo do twitter no brasil. a droga raia já realizava sua campanha de arrecadação no final do ano e eu tive então a idéia de juntar esforços e usar a força das redes sociais para turbinar a arrecadação E funcionou! Tivemos ótimos resultados desde então. Alem da arrecadação fisica é lindo ver a quantidade de tuiteiros que participam ativamente. Alias não só no twitter, mas no facebook também.
BC: Realmente é muito bom mesmo, muita gente no twitter gosta de ajudar essa campanha, em sua opinião se houvesse mais a participação de grandes autores nacionais nessas campanhas poderíamos elevar ainda mais a vontade do brasileiro de ler? E ler obras nacionais que há muita coisa boa também.
JLG: Sem dúvida a participação de autores nas redes sociais poderá auxiliar muito no inventivo à leitura. Veja como as pessoas curtem ir a eventos literários e conhecer ao vivo os autores em mesas de debates. Acredito sim que com o tempo os autores estarão mais presentes nas redes sociais da internet e este será um fator a auxiliar nossa luta pelo habito da leitura por prazer.
E claro como curador do prêmio jabuti há 21 anos sou a maior testemunha de que produzimos excelente safra de ficção e não ficção a cada ano! Falta claro um público leitor a altura desta produção!! E para isto que realizamos tanta promoção da leitura!
 
BC: Obrigado Goldfarb por essa entrevista, e para encerrar, o que acha do blog do Mundo Leitor?
JLG: Acho fundamental! Assim como o twitter os blogs fazem toda a diferença atraindo os jovens para tantos temas importantes. E o Mundo Leitor ataca exatamente a promoção da leitura divulgando dicas, resenhas, enfim ajudando a espalhar as maravilhas que estão nos livros esperando os leitores. Contem comigo sempre!

Um comentário:

  1. Adorei a entrevista foi inspiradora e acho muito importante o incentivo a leitura este ano vou participar também. Parabéns Bruno pela entrevista que é uma das melhores que já vi e parabéns José Luiz por incentivar a leitura Brasil afora grande trabalho.

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Mundo Leitor

É um mundo de palavras
rimadas ou não
pensadas, faladas
escondidas no coração

Mundo que é mágico
faz ser real a imaginação
Mundo que sonhei
E cantei numa canção

Mundo que é capaz
de me tirar daqui
Mundo que me dá paz
Pra dentro de mim posso fugir

Neste mundo me encontro
E as palavras me fazem um favor
Aqui eu sempre viverei
Aqui é o meu Mundo Leitor!


Autora: Dâmaris Góes

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