quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Plano dos Caolhos


Fala gente!!!Tava sumido aqui,mas voltei e voltei com continuação daquela história,agora eu pensei em um nome para ela "Plano dos Caolhos",o que acharam do titulo?!Comentem,pode até ser comentario criticando mas comentem! Espero que vocês gostem valeu!


Plano dos Caolhos -2 capitulo


Estávamos na nossa casa vendo TV,eu e meus dois maiores amigos Júlio e Susana,eu já estava morando a dois meses com eles, como colegas de quarto,todos nós cursávamos a faculdade, lembro que era uma quarta-feria. Nosso ventilador que funcionava de um jeito bem ruim deixava nosso apartamento que era minusculo abafado demais,por isso as janelas ficavam abertas.
Assistíamos o jornal na TV e como é o costume atualmente,estava passando mais um escândalo de Brasília. Dessa vez era mais um senador que foi pego tentando fugir com dinheiro desviado na cueca. Eram quinhentos mil reais que ele tentava espremer na cueca,como alguem tem a burrice tão grande pra achar que quinhentos mil reais podem ser “escondidos” numa cueca sem chamar atenção alguma? Só faltava ele dizer que tinha caxumba ou algo do gênero.
Com o jornal passando nós três explodíamos em piadas sobre o senador e sua cueca que estava bem preenchida.
-O cara é burro demais!Além de não valer nada por roubar,não sabe roubar! O cara esconde o dinheiro na cueca! - Júlio falava em risadas.
-Acho que ele quer alegar insanidade pra sair dessa! Por isso escondeu o dinheiro na cueca logo onde qualquer um poderia ver- eu dizia rindo tanto quanto Júlio.
-Gente,imagina como ficou cheirando o dinheiro depois! Eca! - dizia Susana numa cara de nojo.
Nosso país estava e ainda está cercado pela corrupção e na hora achávamos que só piadas sobre isso era o que poderíamos fazer. Três jovens que cursavam história na faculdade,só achavam que podiam contar piadas de cuecas que escondem dinheiro sujo, que acaba ficando mais sujo e fedorento no esconderijo imbecil de senadores imbecis.
No meio das piadas e conversas sobre o senador e sua cueca,apareceu outra reportagem. Algo do Rio de Janeiro,nossa cidade e ainda era no nosso bairro o que fazia a reportagem ser mais próxima ainda de nós. Um grupo de garotos de classe média-alta tinham espancado um sem-teto,quase até a morte só por diversão,e não era qualquer sem-teto,era o Zicão, um cara muito boa praça que todo mundo da rua do lado ajudava, ele nunca esmolava e nunca enchia o saco de ninguém e era muito gentil com todos. Até ajudava as senhoras a carregarem as compras. Todos ali gostavam dele, até já tinham falado pra ele ir pra um abrigo mas ele dizia que gostava da liberdade das ruas e como ele nunca deu dor de cabeça pra ninguém,não o amolavam.
Agora Zicão o amigão da vizinhança tava internado em um hospital por causa de 3 garotos,três irmãos de uma família rica. E pra completar agora o jornal falava que eles eram filhos de um deputado estadual. A cada detalhe da reportagem nosso ódio aumentava,a cada frase que o repórter falava nossos corações aceleravam mais. Nem a noite eles passaram na cadeia porque o juiz deu habeas corpus pra eles.
-Cara to com nojo agora!Acho que até vou vomitar! - dizia Susana que tinha pele morena e que agora ficara pálida.
-Essa ai foi foda mesmo,como é que deixam isso acontecer? O Zicão também tem seus direitos porra! - foi o que Júlio disse irado.
-Depois dessa nem TV eu aguento mais ver,vou dormir gente.
-Então boa noite Miguel.
-Boa noite pra você também Susana,e pra você Júlio.
-Tenta dormir cara, porque eu acho que não vou conseguir depois dessa!
-Tenta dormir Júlio,amanhã tem aula cedo!
-Tá certo.
Eu fui dormir e deixei os dois na sala,o pior é que dormi muito mal aquela noite,sonhei que era um sem-teto,igual o Zicão, e dormia tranquilo em um banco de praça sentindo uma brisa fresca passar pelo meu rosto. Mas tudo isso era cortado por uma paulada que alguem me dava bem no meio do estômago,eu ficava com vontade de vomitar. Mas antes de abrir a boca pra isso eu tomava um murro e depois me empurravam do meu banco. E eu via,eram três figuras que riam e se divertiam me batendo. Eu apanhava e não entendia porquê.
Um,dois,três,quatro,cinco socos na cara. O sangue já manchava tudo ao redor e quando eu reunia as forças pra pedir pra eles pararem eu só escutei alguem gritar.
-Miguel acorda! A gente tem que estar na faculdade em meia hora!
Era o Júlio me acordando do meu pesadelo,ele já estava arrumado,com uma camisa verde e uma calça jeans desbotada. Ele era negro e tinha a cabeça raspada,ainda por causa do trote da faculdade,(coisa que eu me recusei a participar,na época quase quiseram me bater por causa disso). Eu me vesti bem rápido sem banho,só passei um desodorante e fui pegar minhas coisas na sala,lá estava Susana vestindo uma camiseta preta do Angra,banda que ela é fã fervorosa,uma calça jeans tão desbotada quanto a do Júlio e tênis. Seu cabelo que era preto e liso estava solto e sua pele era bem morena coisa que combinada com suas medidas esculturais fazia muitos rapazes entortarem os pescoços quando ela passava.
-Então Miguel,tá pronto? Vamos logo cara! Não podemos ficar aqui não!
-Vamos então,to pronto!
Então nós saímos apressados e por sorte conseguimos chegar na faculdade a tempo,ela não é tão longe do nosso apartamento,ainda bem que dá pra ir a pé. Oficialmente o apartamento era da Susana que ganhou de herança da avó que morreu,mas nós dividíamos as contas e tudo ficava bem.
Na nossa primeira aula do dia o professor quis comentar sobre o caso do dinheiro na cueca. E como esperado a sala explodiu em comentários indignados e piadas engraçadas.
-Se vocês forem perceber essa é a triste história desse país,nosso povo tem essa coisa de ver as coisas passarem e não fazer nada,desde a época do império mesmo. Nosso país foi o único da América que pagou pra ter sua “independência” e ficou por isso mesmo na época, e agora com esses escândalos tá tendo tudo isso e ninguém protesta,os jovens não vão mais pras ruas como iam e na eleição seguinte o pessoal se esquece de quem deixou o dinheiro na cueca e acaba votando de novo no politico corrupto, se vocês não fiscalizarem o que o cara que vocês botaram lá em brasília tá fazendo,vai ser como botar uma venda nos próprios olhos para ficarem cegos.
-Estamos vivendo numa terra de cegos então! - alguem falou no fundo da sala.
-Pois é,parece que essa é a nossa triste realidade.
-Mas do jeito que tá o país parece que nem dá pra enxergar direito. - disse uma garota que sentava do lado de Susana.
-Por que você diz isso Isabela? - perguntou o professor.
-Porque a corrupção já virou algo cotidiano,é com a pequena propina que o motorista dá para o guarda para não levar multa,o dinheiro na cueca ,alguns policiais que roubam mais do que bandidos ou até aqueles desgraçados que meteram porrada naquele sem-teto que passou no jornal,aposto que aqueles três irmãos não vão pra cadeia já que tem dinheiro e o pai deles é deputado.
-Então todos vocês acham que nosso país está do jeito que a Isabela falou? Acham que mesmo se tentar é difícil achar alguem limpo e justo aqui no Brasil?Vivemos numa terra de cegos então?
Nessa hora eu levantei minha mão e falei
-Professor se vivemos numa terra de cegos e ninguém consegue enxergar direito só tem uma saída.
-Qual? -ele perguntou.
-Já que ninguém enxerga direito,eu serei caolho. Porque em terra de cego,caolho é rei.
Ele riu da minha piada então disse
-Melhor enxergar com um olho do ser cego e ver nada,tem razão.
Depois disso o sino tocou e a aula acabou e todas as outras aulas não tiveram tantas surpresas. Depois da faculdade eu,Júlio e Susana fomos trabalhar. Ela trabalha como vendedora numa livraria,Júlio trabalha na loja de sapatos do pai e eu sou garçom de bufes granfinos.
Eu até que fiquei feliz quando vi que aquele dia a festa onde eu ia trabalhar seria no meu bairro,não ia precisar gastar dinheiro com Taxi ou ônibus,quando cheguei lá fiquei bobo. A festa era na casa do deputado estadual que tinha livrado a cara dos três filhos que bateram no Zicão,eles estavam fazendo aquela festa para comemorar e eu estava ali para servi-los,tá isso era uma merda!

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Mundo Leitor

É um mundo de palavras
rimadas ou não
pensadas, faladas
escondidas no coração

Mundo que é mágico
faz ser real a imaginação
Mundo que sonhei
E cantei numa canção

Mundo que é capaz
de me tirar daqui
Mundo que me dá paz
Pra dentro de mim posso fugir

Neste mundo me encontro
E as palavras me fazem um favor
Aqui eu sempre viverei
Aqui é o meu Mundo Leitor!


Autora: Dâmaris Góes

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