quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Apresentação de Francisca Laylla

        Olá leitores, sou Francisca Laylla e tenho 21 anos. Escrever começou como uma distração, uma sessão de descarrego. É quando as minhas dúvidas, medos e incertezas podem transparecer sem julgamento. Faço minhas as palavras da escritora Nélida Piñon: “Gosto da literatura porque ela não possui moral”.
        Bom, irei escrever contos e crônicas recheadas de poesia, que é a minha especialidade. Uma paixão: as histórias que as pessoas vivem. Gosto de ouvir, sentir e ferir o papel com suas lembranças acrescentando lirismo e poesia às histórias.
        O primeiro texto é um conto. Como de costume, foi escrito tendo a lua e a solidão como companhia. Espero que a pequena Mônica encantem vocês assim como encantou a mim.


Abraço,
Francisca Laylla.


MEU BOTÃO DE MARGARIDA

        Mônica sabia que não o veria novamente. Isso doeu, sempre doía. Ela descia as escadas da universidade, dividida. Estava exausta, acabara de fazer um teste. Exausta de aprender o que já sabe, exausta de aprender o que não fazer. Mônica desejava muitas coisas, mas poucas coisas desejavam Mônica. Isso sempre perturbou–lhe a mente.
        “Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão”. Era sua tese de existir. Ela ainda não existia. Como, ela perguntava, poderei rasgar se não há ninguém capaz de fazer – lhe uma ferida sequer? A pequena indagava tantas caligrafias que se esquecia das mãos que as escreveram. Minha menina dos olhos doces nunca será perdoada. Sua mente vaga até sua casa tranquila. Quantos degraus têm uma escada? Depende até onde tu queres chegar, Mônica pensava. Ela era assim, feito poesia.
        Finalmente o chão reto, planície sem depressões. Qualquer ser domina essas sólidas moléculas invisíveis. Sua bolsa pesa cada vez mais. Os cabelos negros reluzem ao som da falsa claridade que penetra nos poros da sua pele alva. O pescoço, sempre à mostra, seduz sem querer. Pobre menina dos olhos doces. Mônica pega seu telefone para entrar no mundo mágico, mas é surpreendida. Mônica foi traída pelos olhos, esses olhos tão doces, enganaram até a mim. Sua atenção concentrou – se em uma única carcaça de massa que estava a comunicar-se com outra já usada. Quem disse que minha menina não se encontraria um dia? Ela tenta um olhar mentiroso até passar pela carcaça de pé. Ela sempre mentia para si. Ela sempre tivera bons disfarces, pois seu habitat foi grosseiro e perdido, sua camuflagem desenvolveu-se rápida e logicamente. Andara por muitos becos, sua mudança de cor sempre foi muito útil para exilar – se das carcaças podres.
       Minha doce menina tinha muitos amigos e nenhum confidente. Cada linha escrita em seu caderno era rascunhada antes em qualquer folha velha, que depois era descartada ou, simplesmente, esquecida. O solário daquela coisa parada no meio do caminho aconchegou as pupilas de Mônica fazendo com que ela deixasse cair às máscaras mais belas impostas por fatos que nunca ocorreram. Ela caminhava na direção do estranho. Ela fugia acuada. Mônica, minha doce menina, tu me lembra uma florzinha que não desabrochou por completo. Margarida, sim, eu gosto de margaridas. Tão simples a olhamos, mas só os poetas percebem a complexidade da sua alvura. A beleza mostrada é demais para os olhos feridos. Eu sempre gostei da simplicidade, da sua ingênua vaidade que chama atenção sem ser notada.
       Minha pequena sabia que essa avalanche não era amor. “o amor é essa força incontida, desarruma a cama e a vida, nos fere, maltrata e seduz”. O coração de Mônica ainda não nasceu. Ela vive da felicidade alheia.
A pequena flor ficou lado a lado do agressor, um rápido olhar cruzou e passou. Passou a sombra, passou a mágoa. Saiu pelo portão que a expulsava. Sentou–se de frente para a grade que dava – lhe uma visão inútil. Útil a outros olhos. Ela não percebeu o que ocorrera. O moço estava do outro lado da calçada, mas nunca a tinha notado.
       Doce Mônica, por que não se ilude pelo menos uma vez? É tão bom. As mais belas jóias são feitas a partir da dor. Pergunte a uma ostra. Mônica vê agora uma multidão de corpos, o barulho das garças era tão alegre que ficou difícil ouvir os pensamentos dela. A noite já havia invadido Mônica quando ela se encontrou. Mônica foi embora

       A pequena Margarida foi embora sem perceber que seu poeta estava observando – a ao vento. Mônica foi embora, mas deixou – me uma dor aguda. E dessa dor, minha querida, fabriquei para ti esta jóia. Quero que saibas que a ferida por ti causada permanece aberta. Eu te espero minha pequena, para tu terminares de rasgá-la.

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Mundo Leitor

É um mundo de palavras
rimadas ou não
pensadas, faladas
escondidas no coração

Mundo que é mágico
faz ser real a imaginação
Mundo que sonhei
E cantei numa canção

Mundo que é capaz
de me tirar daqui
Mundo que me dá paz
Pra dentro de mim posso fugir

Neste mundo me encontro
E as palavras me fazem um favor
Aqui eu sempre viverei
Aqui é o meu Mundo Leitor!


Autora: Dâmaris Góes

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