Olá leitores, sou Francisca Laylla e tenho 21 anos. Escrever começou
como uma distração, uma sessão de descarrego. É quando as minhas dúvidas, medos
e incertezas podem transparecer sem julgamento. Faço minhas as palavras da
escritora Nélida Piñon: “Gosto da literatura porque ela não possui moral”.
Bom, irei escrever contos e crônicas recheadas de poesia, que é
a minha especialidade. Uma paixão: as histórias que as pessoas vivem. Gosto de
ouvir, sentir e ferir o papel com suas lembranças acrescentando lirismo e
poesia às histórias.
O primeiro texto é um conto. Como de costume, foi escrito tendo
a lua e a solidão como companhia. Espero que a pequena Mônica encantem vocês
assim como encantou a mim.
Abraço,
Francisca Laylla.
MEU BOTÃO DE MARGARIDA
“Ai de quem não rasga o coração, esse não
vai ter perdão”. Era sua tese de existir. Ela ainda não existia. Como, ela
perguntava, poderei rasgar se não há ninguém capaz de fazer – lhe uma ferida
sequer? A pequena indagava tantas caligrafias que se esquecia das mãos que as
escreveram. Minha menina dos olhos doces nunca será perdoada. Sua mente vaga
até sua casa tranquila. Quantos degraus têm uma escada? Depende até onde tu
queres chegar, Mônica pensava. Ela era assim, feito poesia.
Finalmente o chão reto, planície sem
depressões. Qualquer ser domina essas sólidas moléculas invisíveis. Sua bolsa
pesa cada vez mais. Os cabelos negros reluzem ao som da falsa claridade que
penetra nos poros da sua pele alva. O pescoço, sempre à mostra, seduz sem
querer. Pobre menina dos olhos doces. Mônica pega seu telefone para entrar no
mundo mágico, mas é surpreendida. Mônica foi traída pelos olhos, esses olhos
tão doces, enganaram até a mim. Sua atenção concentrou – se em uma única
carcaça de massa que estava a comunicar-se com outra já usada. Quem disse que
minha menina não se encontraria um dia? Ela tenta um olhar mentiroso até passar
pela carcaça de pé. Ela sempre mentia para si. Ela sempre tivera bons
disfarces, pois seu habitat foi grosseiro e perdido, sua camuflagem desenvolveu-se
rápida e logicamente. Andara por muitos becos, sua mudança de cor sempre foi
muito útil para exilar – se das carcaças podres.
Minha doce menina tinha muitos amigos e
nenhum confidente. Cada linha escrita em seu caderno era rascunhada antes em
qualquer folha velha, que depois era descartada ou, simplesmente, esquecida. O
solário daquela coisa parada no meio do caminho aconchegou as pupilas de Mônica
fazendo com que ela deixasse cair às máscaras mais belas impostas por fatos que
nunca ocorreram. Ela caminhava na direção do estranho. Ela fugia acuada.
Mônica, minha doce menina, tu me lembra uma florzinha que não desabrochou por
completo. Margarida, sim, eu gosto de margaridas. Tão simples a olhamos, mas só
os poetas percebem a complexidade da sua alvura. A beleza mostrada é demais
para os olhos feridos. Eu sempre gostei da simplicidade, da sua ingênua vaidade
que chama atenção sem ser notada.
Minha pequena sabia que essa avalanche não
era amor. “o amor é essa força incontida, desarruma a cama e a vida, nos fere,
maltrata e seduz”. O coração de Mônica ainda não nasceu. Ela vive da felicidade
alheia.
A pequena flor ficou lado a lado do
agressor, um rápido olhar cruzou e passou. Passou a sombra, passou a mágoa.
Saiu pelo portão que a expulsava. Sentou–se de frente para a grade que dava –
lhe uma visão inútil. Útil a outros olhos. Ela não percebeu o que ocorrera. O
moço estava do outro lado da calçada, mas nunca a tinha notado.
Doce Mônica, por que não se ilude pelo
menos uma vez? É tão bom. As mais belas jóias são feitas a partir da dor.
Pergunte a uma ostra. Mônica vê agora uma multidão de corpos, o barulho das
garças era tão alegre que ficou difícil ouvir os pensamentos dela. A noite já
havia invadido Mônica quando ela se encontrou. Mônica foi embora
A pequena Margarida foi embora sem perceber
que seu poeta estava observando – a ao vento. Mônica foi embora, mas deixou –
me uma dor aguda. E dessa dor, minha querida, fabriquei para ti esta jóia.
Quero que saibas que a ferida por ti causada permanece aberta. Eu te espero
minha pequena, para tu terminares de rasgá-la.
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Mundo Leitor
É um mundo de palavras
rimadas ou não
pensadas, faladas
escondidas no coração
Mundo que é mágico
faz ser real a imaginação
Mundo que sonhei
E cantei numa canção
Mundo que é capaz
de me tirar daqui
Mundo que me dá paz
Pra dentro de mim posso fugir
Neste mundo me encontro
E as palavras me fazem um favor
Aqui eu sempre viverei
Aqui é o meu Mundo Leitor!
Autora: Dâmaris Góes