Arte de Laura Agapito
Estávamos
deitados no sofá abraçando a felicidade que o universo nos concedeu. A
televisão e o som estavam ligados. Eu queria assistir filmes antigos e você
queria ouvir uma seleção de música que fizemos num outro dia qualquer. Então,
fizemos os dois. Estava tocando “Ho Hey” e passando a série “Supernatural”.
Tiramos
aquele dia pra ficar em casa fazendo o que os casais fazem para terem um
romance duradouro: nada. Acordamos às dez da manhã e almoçamos uma comidinha caseira
que você insistiu em fazer. O mínimo que
eu poderia fazer era preparar uma bebida. Fui ao supermercado comprar uma Coca-Cola.
São essas coisinhas de gente apaixonado que nos faz sofrer depois que a
separação se faz presente. Depois do almoço e de um acordo tácito de deixar as
louças pra lavar depois, nós dormimos no sofá. É incrível como um objeto pode
colecionar tantos sentimentos.
Eram
três da tarde quando o barulho da chuva nos acordou. Eu levantei e fui até a
janela, abri e respirei chuva, amei a chuva. Infelizmente, a devoção não era
recíproca, logo ela se foi. Foi-se como tudo na vida um dia nos deixa, até a
própria vida. Até você.
Não
importa quanto tempo passamos juntos, o pensamento do abandono sempre consegue
entrar. Não importa quanto tempo passamos juntos, o que importa é buscarmos a
nossa felicidade enquanto os corpos ainda necessitam um do outro. No final das
contas, é pra isso e por isso que vivemos. No final do dia é o que colocamos na
balança da satisfação. Sofrer só é um incômodo porque pesa. Mas estou
conseguindo me arrastar bem. Agarro-me ao dicionário todos os dias; autossuficiente:
que se basta a si mesmo. Levanto-me todos os dias me sustentando nesse
abstrato. É assim que vou vivendo até que precise de algo do exterior novamente.
Então, guardarei esta palavra lá no fundo do guarda-roupa até que ela tenha que
me reconfortar novamente.
Foi
numa noite cálida. Estávamos sentados na calçada da sua casa. Você me chamou
pra sentar lá fora, disse que as estrelas são ótimas como plateia. Sentamos um
ao lado do outro, doeu. Não me colocou em seu colo como sempre fazia. O “sempre”
é tão deprimente. Não posso te culpar por ser gentil até nessa hora. Foi uma
das coisas que me atraiu em você. Você pegou a minha mãe e beijou-a, olhou pra
mim e depois para o céu sem soltar minha mão. Acho que, de certa forma, todos
sonham com um fim romântico tanto quanto um começo.
Mas
chegou o tempo de nos despedirmos. Chegou a hora de fazer outra pessoa feliz. A
dor que me deixa no peito não é maior do que as alegrias. Sejas feliz assim
como eu fui contigo, mas não peça para eu não ficar triste. É o que vai me
fazer lembrar o quão bom foi o nosso tempo.
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Mundo Leitor
É um mundo de palavras
rimadas ou não
pensadas, faladas
escondidas no coração
Mundo que é mágico
faz ser real a imaginação
Mundo que sonhei
E cantei numa canção
Mundo que é capaz
de me tirar daqui
Mundo que me dá paz
Pra dentro de mim posso fugir
Neste mundo me encontro
E as palavras me fazem um favor
Aqui eu sempre viverei
Aqui é o meu Mundo Leitor!
Autora: Dâmaris Góes